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segunda-feira, 26 de maio de 2014

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO UM RETRATO DA ESCOLA

                            ESTAMOS REALMENTE PREPARADOS
                            PARA ESTA EMPREITADA?
       

                                           




"A escola precisa ser reencantada, encontrar motivos para que o aluno vá para os bancos escolares com satisfação, alegria. Existem escolas esperançosas, com gente animada, mas existe um mal-estar geral na maioria delas. Não acredito que isso seja trágico. Essa insatisfação deve ser aproveitada para se dar um salto. Se o mal-estar for trabalhado, ele permite um avanço. Se for aceito como uma fatalidade, ele torna a escola um peso morto na história, que arrasta as pessoas e as impede de sonhar, pensar e criar". Moacir Gadotti


“Toda mudança que visa transformar para melhor, exige planejamento e ousadia. A escola, como um organismo vivo, é um projeto. Projeto é projetar ações para realizar mudanças, visando instituir uma nova realidade. A escola com projeto é uma escola instituinte, em transformação e em construção permanente, vislumbrando sempre aprimoramento e em desenvolvimento... Além do mais, a sua dimensão político-pedagógica pressupõe uma construção coletiva e participativa que envolve ativamente os diversos segmentos escolares”. (DALBERIO, 2008)
Planejar, em primeiro lugar, é definir um foco, situar-se dentro da própria vida é definir um rumo, com marcos específico a serem alcançados. O planejamento é a tentativa de prever as ocorrências futuras e estar preparado para agir de forma a evitar surpresas desagradáveis no funcionamento e na gestão dos objetivos que se quer alcançar. Sem planejamento, os obstáculos se tornam empecilhos para se chegar aos objetivos; obstáculos estes que poderiam ter sido previstos.
Significa repensar a escola, seus tempos, seu espaço, sua forma de lidar com os conteúdos e com o mundo da informação. Significa pensar na aprendizagem como um processo global e complexo, no qual conhecer a realidade e intervir nela não são atitudes dissociadas. Trata-se de fugir dos modismos e assumir uma nova prática pedagógica, sabendo fazer escolhas, tomar decisões, propor inovações coerentes com nosso projeto educativo e com nossas concepções de educação.
“Um projeto político-pedagógico da escola deve constituir-se num verdadeiro processo de conscientização e de formação cívica; deve ser um processo de recuperação da importância e da necessidade do planejamento na educação”.
Para tanto se faz necessário uma preparação e sensibilização de todos os envolvidos, que seja uma decisão realmente coletiva. Ou seja, é preciso discutir qual democracia que queremos e de qual democracia estamos falando para, a partir destas considerações, oportunizarmos a participação dos diferentes segmentos dentro do contexto escolar.
Existem algumas pré-condições para realização deste e que a gestão democrática deve favorecer. Há também algumas condições objetivas que a escola tem que garantir, dentre elas para que a elaboração do nosso Projeto Político Pedagógico funcione. Devemos se debruçar nos problemas que a escola enfrenta e quais os fins da educação que esta escola quer repartir com seus membros. Problematizando, mas problematizar, não significa fazer uma lista de perguntas do tipo ‘‘que escola que queremos? Problematizar corresponde a construir coletivamente uma questão que irá acompanhar o grupo em todo seu percurso e servirá de referência para debates, discussões e reflexões futuras. Combatendo os entraves que a prejudicam, envolvendo a comunidade para que os mesmos se sintam sujeitos desta construção. Ancorados em valores de participação, autonomia, o pluralismo e acima de tudo de transparência. O envolvimento, a responsabilidade e a autoria de todos são fundamentais para esta elaboração, deve-se atender aos interesses de todos neste processo, mas demanda também envolvimento, responsabilidade e compromisso. Essa atitude desenvolve a cooperação e a solidariedade entre pais, alunos, professores, direção e funcionários. Podemos concluir que tal elaboração não se reduz à escolha de uma só proposta para se trabalhar em todas as áreas, nem a uma lista de objetivos e etapas. Antes, que tenha um enfoque globalizador, centrado na resolução de problemas significativos, percebidos no contexto onde a escola está inserida e que lhe dará sentido, onde sua principal característica não seja sua forma e sim o tratamento que se dá a ele, não se restringindo apenas ao estudo do mesmo, mas que o seu ponto central seja a resolução dos problemas que neles são suscitados. Sendo importante garantir que tais problemas e suas resoluções se transformem em uma questão para todos, e isso depende basicamente da postura do Gestor, que intervém para que todos participem com responsabilidade e instigue as discussões que serão defrontadas com vários outros pontos de vista, respeitando as diferenças entre as pessoas e entre os grupos, para ampliar sua compreensão de mundo, desenvolvendo habilidades e atitudes, aprendendo a aprender, possibilitando a problematização, assumindo a coordenação do trabalho, sem que isso signifique a imposição de uma única lógica, ou a anulação do papel que cada um deve desempenhar frente ao mesmo como autor, e não como meros executores. Sem essas questões, não há como elaborar um projeto.
É preciso primeiramente identificar a realidade em que a comunidade escolar está inserida, conhecer a comunidade como ela é. Suas reais necessidades, tendo uma visão ampla e não fragmentada de qual é a comunidade que a escola atende, para que a escola se identifique com a mesma para encontrar soluções para que a comunidade se identifique também como parte integrante e principal também da escola, afinal sem a comunidade não se tem escola. Se não atentarmos para sua realidade teremos gerações cada vez mais alienadas e omissas diante de um mundo cada vez mais dinâmico e desafiador. Traçar estratégias de ensino que aproximem a família do cotidiano da escola é, sem dúvida, um grande passo para reverter esta realidade! Entendendo seu contexto para só então dar significado a sua ação. Qual é o seu papel diante desta comunidade? E o que queremos realizar com a mesma? Tendo como uma responsabilidade ética no exercício de sua tarefa educativa a democracia. Afinal, não é possível pensar em democracia sem que os sujeitos tornem-se conscientes para exercer esta prática... E estamos realmente preparados para tal?
       "Muitas vezes deixamos de realizar tarefas às vezes simples, por acreditar que o dever era do outro. É claro que cada um tem seus deveres, mas cabe a nós o bom senso... E o que vemos é que a “massa do bolo” muitas vezes fica parada, faltando ingredientes e ninguém se disponibiliza em acrescentar, somar ou contribuir. É preciso a ação de mediadores, cada um em seu fazer específico... Enfim, um trabalho democrático  que oportunize a aprendizagem e o desenvolvimento de todos... Há uma tendência por parte do ser humano em se isentar de fatos e contextos que dependem de sua participação e auxílio para que os resultados se evidenciem de maneira positiva... Vale ressaltar que estamos no mundo, portanto se cada indivíduo dentro da sua especificidade profissional e individual  contribuir de forma adequada, pensando no bem estar do outro, certamente teremos um mundo melhor... Acima de tudo é preciso ter o DESEJO. Desejo de ajudar, desejo de renunciar, desejo de compartilhar, desejo de somar e acima de tudo desejo de fazer a diferença!” (RODRIGUES, 2014)
Então eu pergunto estamos realmente preparados para esta tarefa? Primeiramente é preciso conscientizar a comunidade do que vem a ser esta democracia e que para se garantir esta democracia exige-se a participação popular, a presença e intervenção ativa de todos. Não vale estar presente e somente ouvir e/ou consentir, é preciso aprender a questionar e a interferir. Exercendo verdadeiramente a cidadania, a população – pais, mães, alunos, professores, gestores e pessoal administrativo – devem ser capaz de superar a tutela do poder estatal e autoritário até então culturalmente arraigado e aprender a reivindicar, planejar, decidir, cobrar e acompanhar ações concretas em benefício da comunidade escolar. Ser aptos ao questionamento, à problematização, à tomada de decisões, buscando soluções individuais e para a comunidade onde vivem e a escola está inserida. E a melhor forma de pô-la em prática é testemunhá-la, vivenciá-la e saber lidar com a mesma de maneira coerente, cumprindo seu papel para favorecer a escola a cumprir também sua função social: a democratização do conhecimento na perspectiva de uma educação de qualidade pela valorização e respeito de sua cultura. Corrigindo a todo tempo seus rumos, princípios e metas, conscientizando tal comunidade da sua fundamental participação neste processo. Fizemos realmente tudo isto? Não basta convidarmos apenas os pais a participarem é preciso conscientizá-los! Por isso, precisa haver liberdade para que cada um fale se posicione e participe como sujeito ativo. Participar na sua elaboração, aprovação, acompanhamento e execução – fazer com que esse documento realmente seja significativo para a vida e o direcionamento dos rumos da escola. Que ajudem a definir quais são os papeis da escola dentro desta comunidade e o caminho que se quer seguir. Assumindo a responsabilidade de resolver os seus problemas e criando mecanismos para que essa realidade seja de fato um conjunto de iniciativas para uma melhoria de qualidade e equidade educacional. Que sempre estará num processo de aperfeiçoamento. Não perdendo de vista o macro e o micro do seu entorno sendo geradora do protagonismo, da participação. Reconhecendo sua diversidade cultural e as diferenças como algo muito rico para se acabar com os privilégios. No início, a participação dos pais pode ser tímida, porque eles desconhecem as questões educacionais, teóricas e pedagógicas, e, de certa forma, desconhecem qual é seu papel de cidadão. Torna-se, portanto oportuno incentivar as famílias a participarem da escola, não só nas festas ou com trabalho, mas discutindo, refletindo e buscando soluções para seus problemas. Mas, para tanto, é preciso dar oportunidade de participação aos pais e esclarecê-los e convencê-los da importância de sua participação interventiva, mudando mentalidades oprimidas e despertar os sujeitos históricos e ativos, que se encontram adormecidos em cada cidadão. Nós mesmos achamos complicado tudo isto, imagine os pais! Não é nada fácil, mas precisamos sair do comodismo e agirmos para transformar, ou não estaremos também fazendo o nosso papel!
Quando todos participam, o envolvimento e o comprometimento de todos se amplia. Descobrem que têm uma causa em comum, comprometem-se com a vida dos educandos e com o futuro da escola. Assumem responsabilidades com as mudanças”. (DALBERIO, 2008)
“As atitudes de coragem e interesse desencadeiam o interesse de outros”.
Para tanto, faz-se imprescindível a instauração do Conselho Escolar como um movimento amplo de participação ativa da comunidade escolar, na qual todos – pais, alunos, trabalhadores da educação, representantes da comunidade/bairro – têm direito a voz, a voto e a interferência nas decisões um espaço para a participação coletiva, que possibilite somar diversos saberes e experiências a fim de garantir que a escola atenda aos anseios e às necessidades da população a que se destina. Não se configurando apenas como um órgão consultivo, no qual o próprio nome já explicita a idéia de que ele não toma decisões, mas apenas é consultado sobre os problemas da escola, discutindo mais questões burocráticas, e endossar prestações de contas, a confirmar decisões já realizadas pela direção, o mesmo deve ser deliberativo, decidir sobre os problemas da escola, indicar profissionais para frentes de trabalho, garantir o cumprimento das leis, elegerem pessoas e deliberar questões da Escola, apontar falhas e buscar soluções conjuntas para os problemas. Tendo maior força de atuação e poder na escola. Devem representar um apoio, uma estratégia de ação, na qual todos se reúnem tendo em vista a melhoria dos resultados do processo de ensino. Fortalecendo assim a relação dos representantes com os representados, que não se esgote após o voto, deliberando decisões realmente pertinentes aos desejos e opiniões de todos, legitimando esta representação.
O projeto de nossa escola depende, sobretudo, da ousadia de todos nós os participantes, da ousadia de cada escola em assumir-se como tal.
Precisamos cumprir a nossa função social! E, tudo isto, somente se tornará real, de fato, quando tomarmos as rédeas e decidirmos com ousadia e coragem os rumos de nossa história. Conscientes do dever cumprido! A desculpa é sempre a mesma, por ser uma coisa muito extensa, “não temos tempo é muito complicado etc...”, e acaba fazendo-se de qualquer jeito e do mesmo apenas um documento burocrático. Mas são coisas que precisamos criar o hábito de fazê-lo, criar uma forma dinâmica de modo que, todos realmente participem, pois dele depende a nossa vida profissional. Ele não é apenas um documento burocrático, depois vamos reclamar do que? Se tudo se deixa pra depois ou encara-se como burocrático?... Somos formadores, queremos formar bons eleitores e burlamos um monte de questões? É por nós que passam os governantes, somos os artesões, será que não foi o que sempre aprenderam? Burlar as questões burocráticas ou fazer delas apenas questões burocrática?
 Na teoria todo Projeto Político Pedagógico é ótimo, mas podemos estar seguro de que ele revela o que realmente somos ou estamos fazendo? É preciso antes de qualquer coisa uma mudança de postura. Transformar para mudar a cultura do sistema, para que, nós educadores e dirigentes estejamos sempre atentos ao valor principal desta nova forma de se organizar e, sobretudo, ao valor fundamental do trabalho. Para que na escola não ocorra apenas à reprodução de uma democracia liberal voltada aos interesses de uma minoria. Cabendo ao diretor salvaguardar este direito frente a uma gestão voltada à participação de todos os envolvidos, tanto pais, mestres, alunos e funcionários, enfim, toda a comunidade em seu entorno, para que esta democracia não fique apenas na teoria, sendo praticada ativamente neste novo contexto, através do qual a escola poderá construir sua autonomia. E uma verdadeira E D U C A Ç Ã O de qualidade! O que não podemos é fingir que estamos fazendo tudo isto.
Para tal elaboração se torna ainda necessário um marco referencial, uma preparação, um constante diagnóstico, sua efetiva realização interativa, avaliando, diagnosticando, reprogramando anualmente, com uma reelaboração parcial ou total. Onde o gestor pode e deve ser um excelente facilitador deste processo, fazendo da escola um lugar de produção de conhecimento e também da crítica do conhecimento existente, conhecendo bem seus membros e atores. Reinventando uma nova escola que abra essas novas concepções de redemocratização que vem se arrastando a anos, fazendo e sendo parte deste novo espaço que é e se quer construir na escola.
É fundamental que o gestor seja politizado, no sentido de ter bem claro seu papel de “modelo” de educador, pautado em conhecimentos acumulados ao longo de sua formação e experiência em diversas funções desenvolvidas antes mesmo de ser diretor. Convocando a escola a produzir seu próprio plano de trabalho frente as suas reais necessidades de forma que todo o seu entorno participe desta construção na intenção de sanar suas deficiências até então. Pensar no papel do gestor é pensar em alguém que nos ajudará a nos desenvolvermos como seres críticos e participativos, alguém comprometido e responsável pela nutrição e gestação de todo o processo educativo e de aprendizagem, na formação de cidadãos, que também deverão ser responsáveis, pelos seus deveres e antes de tudo conscientes de seus direitos. O diretor não deve ser autoritário, pois, ao gestor cabe o perfil de ser democrático e, portanto, desenvolver condições de favorecer o processo democrático no cotidiano da escola. O gestor deve com sua ação conduzir a tarefa da escola para a formação do cidadão, alimentando o trabalho de todos os envolvidos para que esta formação seja real e não apenas teóricas e utópicas e que tenham ainda relação com suas atitudes e práticas. Avaliando sempre o que foi e o que não foi bem sucedido ao longo de todo este processo, registrando cuidadosamente o trabalho desenvolvido e as atividades produzidas. Sobretudo, ter consciência do que vem a ser o mesmo. Portanto o papel fundamental do Gestor na formulação e execução de tal projeto é o de articulador de ações para a efetivação do mesmo, de forma participativa, compartilhando decisões e, mais ainda, conduzindo os seus participantes a uma progressiva autonomia no que se refere a aprender como pesquisar, como resolver problemas sendo um participante ativo e critico que tenha real compromisso com a ação democrática, integradas ao diálogo e busca de soluções de problemas com base na ação coletiva, revelando um retrato fidedigno do que somos e do que vamos construir juntos. Uma mudança de postura frente aos sistemas educacionais da atualidade, uma postura de independência e iniciativa que defina as regras de procedimento e defina um novo sistema organizacional, que desenvolva o senso de responsabilidade junto ao centro político e à comunidade, sem haver um distanciamento entre a teoria e a prática entre quem as produziu e quem as deve dar cumprimento, devido ainda a essa cultura enraizada, do burocrático imediatista.
Precisamos de uma pedagogia que seja uma nova forma de se relacionar com o conhecimento, com os alunos, com seus pais, com a comunidade, com os fracassos (com o fim deles), e que produza outros tipos humanos, menos dóceis e disciplinados. (ABRAMOWICZ, 1997).

Há muito que evoluir ainda, pois colocar a comunidade dentro da escola em apenas eventos ou articular um jogo de cartas marcadas não é ser democrático é preciso articular todas as decisões de modo que se pratique a democracia e conscientize a comunidade do que vem a ser a mesma, sem mascará-la mesmo que a intenção seja facilitar o trabalho. Costumo comparar todos estes tramites aquela fábula “A ROUPA NOVA DO REI”, até quando vamos fingir estar vestindo a educação com finas roupagens, quando a mesma está desnuda de compromisso, responsabilidade, ética, solidariedade humana, prazer e amor ao próximo? Estamos realmente preparados? Então, mãos a obra!

“É preciso criar pessoas que se atrevam
a sair das trilhas aprendidas
com coragem de explorar novos caminhos
Pois a ciência construiu-se pela ousadia dos que sonham.
E o conhecimento é a aventura pelo desconhecido 
Em busca da terra sonhada”

Rubem Alves 


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